quarta-feira, 30 de abril de 2014

Eu
Que sempre sonhei com aquelas comédias romanticas
Em que a moça com frio e cachecol
Se faz apaixonar na rua

Me agarrei a minha poesia
E permiti que me levasse para longe
Pra lá dentro de tudo que é
Meu, seu, sua, nó, pó, poeira, poema, saudade, nossa, ou só minha
posso?
Posso ficar aqui?
Dentro de mim?

Sonho com o dia
Em que vão inventar uma máquina que possa registrar em palavras
Tudo o que penso
Quando estou observando
Assim como trem vem la longe
Se rastejando

Como o cheiro podre que invade as narinas
E alguem brinca com a desgraça: hum que odor!
Oh! Dor
Parei na estação seguinte
Esqueci tudo o que pensei
Então, rascunhei
Isso aqui.
Onde há tantas leis
Tanta rigidez
A vontade é de ser subversivo

Talvez pareça marginal
Mas só precisamos ser
nós mesmos

sexta-feira, 25 de abril de 2014



Penso ás vezes bem que podia
Ele ser minha versão feminina
Eu sua versão masculina
Assumo ser prepotência minha

Imagino se posso ser ele
Se quero ser ele
Ou se de fato somos parecidos

No olhar perdido
Em poesias que eu queria ter escrito
Nas revoltas e política
E que eu desconhecia

Desde inicio
Sonhava ser palhaça num coletivo
Certo dia o encontrei
Dizendo que fazia algo assim pelos trens

Não era palhaço também
Era poeta e na minha alegria achei
Que um sonho nele idealizei

Pode ser só tietagem
Lembro a mim vez em quando
Acho que é tudo mentira
E no fundo estou invertida

Nossos encontros são curtos
Sempre muito especiais
Mas de todos esses dias
Um dos favoritos foi o carnaval

Essa distância eu nem queria
Dele mesmo eu nem sabia
Mas queria sê-lo por um dia

Não é uma declaração de paixão
Mesmo ele sendo apaixonante
É um amor sincero sim
De muita admiração

quarta-feira, 23 de abril de 2014

ontem mataram 3 mininu ali
eu tava em algum canto
mas nem tava ai
cheguei tão tranquila
que até me esqueci
da realidade cruel daqui
me estranhei desse assunto
duvidei me invoquei
deitei pra dormir
e então sonhei

o pesadelo tão real ganhou cena na minha noite
os mininu tinha roubado
não eram da quebrada
muito menos eram ligados
não conheciam ninguém
eram filhos de quem tem
e queriam usar o seu beck, pino, pedra ou mesclado

outro dia foram outros 3
trabalhadores, estudantes, brancos e pretos
nem era pra saberem
e eles dizem que nem é preconceito

nos barracos de madeira
nas casinhas pré-feita
moradores periféricos
marginalizados como defeito

sociedade aplaude
pra bandido tem que ter morte
a mídia reafirma
que é tudo merecedor desse destino

a noticia incansavelmente avisa
levou tirou um possível traficante
16 anos aterrorizante
De mochila e marmita
Nem deu tempo de sentir a vida

Seja ladrão ou não
Nem importa o que é que seja
Correu de medo à toa
Foi mirado e acertado o suspeito

Suspeito ou não
Nem é novidade que nada se resolve
Se é ser humano se esquece
Mira o alvo e o apodrece

Bombardeados noite e dia
A revolta vira briga
Vira pixo
Vira roubo
Vira grupo
Vira tiro

o porquê dos jovens ninguém quer entender
como de praxe é de se saber
que não há maneira assim de se compreender
foi tiro pra todo lado
pancada, açoite por causa de assalto

os corpos foram espalhados
um para cada canto
encontrados espancados
na favela do Moinho
é PAVÃO-PAVÃOZINHO
mais um morto
um mininu

dormi e acordei
como se nada tivesse acontecido
como fuga de mim mesma
pensei até em desistir da luta

é mentira pra tudo que é canto
política e ideologia ruim
de Brasília a periferia
cada um defende o seu
em fumaça, morte e adeus
tudo farinha do mesmo saco
tudo da mesma laia

é policia maldita, bandida e fria
bandido protetor, sem perdão na fissura
político interesseiramente falso, matador, criminoso
a guerra só continua
e nóis aqui na rua
e nóis aqui na briga

um pouco de tudo se articula
já não se sabe por qual rua se deve entregar
não entendemos o caminho sério
nem a ladeira certa pra olhar

tem que chegar devagar
deixar o sangue esfriar
deixar o sangue escorrer
confiar é algo raro
já tá tudo estragado
já ta tudo dominado

é conversa mole de social
blá, blá de amor a favelado
mas quando cai nela e anda errado
pei! se não tomar cuidado
os cara tão esperto
tudo bem organizado
tão de gravata, muleta e armado

dá boi não tio
se não tu vai tomar susto
daquele que bate no peito
e tu some desse mundo

é tipo Amarildo, Claudia e os mininu
tudo morto como bandido
tudo arrastado sem dó
tudo sumido na calada
tudo eternizado na favela

na ladeira escorre choro
nos escadões desce um amigo sozinho
menos um mininu
menos um irmão, um filho

a revolta e impotência nos assola
a vontade é de que tudo isso se exploda
mas acredite ainda assim
por mais que pareça com fim
se esse sentimento existe é porque há esperança aqui

como oração a gente repete e sonha
que o que hoje é utopia
seja verdadeiro um dia
e mesmo que não exista um mundo lindo e melhor
que façamos um hoje mais suportável
mais feliz

andemos descalços, de sandália ou chinelo
em parceria subindo qualquer beco
que a fé venha com força
e que tudo que nos magoa
seja combustível pra ser mais corajoso

seja pro moleque, pra véia, pro irmão
haja transformação pra esse mundão
e que os passos sejam mais certeiros
que tiro na mão de moleque ladrão
ser humano arrastado pelo chão
por quem é do mesmo ser animal

que sabe assim afinal
ai invés de um arsenal
seremos só nós em paz
sem ladeiras sangrentas
sem morte que de pena
sem bonzinho sem ladrão
sem político com oficio
sem corrupto bandido
sem ilusão
de que a vida
é só gente jogada nas vielas
no chão

que pesadelo seja somente um sonho de uma noite ruim
se somos seres humanos que nos vejamos com tal
que não sejamos hipócritas vendo um mundo perfeito
que façamos a luta no hoje
amemos a nós mesmos primeiro
e que lutemos para um tempo bom e real

terça-feira, 22 de abril de 2014

Vem folgado
mexe no meio peito como se fosse um balaio
comete um crime de confusão
e some

injustiça? não!
ele só fez o que queria.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Seja árvore, tinta, folha de planta, folha em branco e depois pintada.
Seja você, seja humano, rap, Hip Hop e Diversão
Seja menino, moleque, maduro, alegre e pro equilíbrio um tanto triste
Seja grandão nos abraços, no laços, amores e amigos
Seja amigo, ganhe amigos

Seja esse riso bobo, essa luta diária e caminhada necessária
Seja seus versos, seus contos e cantos
Seja a Fundação de dias melhores no outro, desenvolvimento social e antes de tudo cuidado pra você mesmo
Seja chá as 4:20, sua vitamina de abacate e tudo que te enlace
Seja você, seu boné verde, suas pernas ansiosas e toda paisagem que merecer

Seja seu coração de ouro, seja favela, barraco e malandragem
Seja o graffiti, pixo, tags e que todo dia venha ABOA
Seja a ideia de tatuagem na pele, um depósito de amor e compreensão, espere
Seja seus insetos e cada dia uma descoberta, uma nova espécie
Seja teu quarto em construção, demolição do que não for bom e coragem pra conquistar

Seja "na mochila as latas", "fim de semana chinelo e bermuda", "um copo na mão" e o pensamento que voa
Seja revolta, discussão e um tanto ingênuo
Seja seus sonhos, planos e desenganos
Seja tua rima, poesia e aviso
Seja seu moleskine preto, versos em segredos, riscos de caneta bic e riso sem fim

Seja arte, revide, convite de despedida de solteiro e coragem
Seja a miragem ao mar, imaginação e todo esse encontro
Seja Rafael, Frenesi, Rafa ou simplesmente assim, Bonito
Seja caos, causa, cais, cause
Seja isso tudo que já existe em você e tudo que não listei

Isso de SEJA nem precisava, foi um tolo pretexto, pra um texto, sobre e pra você!

Para Rafael Campos Barboni (Frenesi)

Aviso


Aviso ao poeta, ao príncipe, ao plebeu
A menina, ao menino, gato, cachorro e papagaio
Não estou a leilão
Não estou por acaso
Não vou só por alguns encontros
Só por alguns abraços

Não me encontro mais no outro
Nem coração mais eu tenho
Ainda que a lembrança tenha vindo
E meu dia acordado cinza

Eu não vou assim não
Caminho passo a passo pra lá de alguém
Não adianta botar fé
E nem dizer que me quer

E não é que eu esteja com doce
Seja prepotente ou metida
Por mais que digam bonita
Eu quero caminhar sozinha

Por agora ou até morrer
Não penso mais no amanhã
Vivo hoje seja dor ou o qualquer coisa que vier

Me resguardo aqui quieta
até que me sinta segura
 este momento é só meu
não sou personagem só pra aventura

Me perdoe o egoísmo
E a pontada de rispidez
Gosto de amar
Mas agora é só minha essa vez

No movimento um “tamo junto”
E não falo isso à toa
Por mais que duvide de mim
Sempre estarei por aí

Espalho abraço a rodo
Beijo, cuidado e carinho
Mas isso só tem a ver
com desejo dar e receber o que vem vindo

Não pertenço a este mundo
Cada vez mais é tudo lúdico
A psicologia me convence
Que estar sozinho é trabalho consciente

Se quer saber não é sempre solidão
Eu me viro bem com amigos-irmãos
Adoro meu próprio cuidado
E me viro bem comigo mesma

O tempo certo há de vir
Eu não sinto pressa pra sentir
De forma mágica sempre chega
e sim, eu sonho como um princesa

Gosto dos olhares que me rodeiam
Retribuo quando acredito que vale a pena
Sempre com interesse no ser da pessoa alheia

Me interessa a alma do outro
Menina, menino, poeta ou cachorro
Sou curiosa por pessoas
Me revisto de amigos e caricias

E isso me basta!

Esqueceu-se que tinha coração
Até que versos a lembraram em lágrimas
O dia amanheceu cinza, dentro e fora dela

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Porque nem meus sonhos vão me convencer
nem o coração dominar
o que haveria de chegar

pode ser só coisa minha
pode até ser mentira
e eu não quero correr riscos

tanta coisa há de ser
se eu deixar transparecer
todos pensamento e vontades

a saudade há de vir
todo dia que sumir
mas eu prefiro assim

Dentro de mim acalentaria
se eu pudesse teu abraço todo dia
em segurança bem que podia

Racionalmente então
prefiro me abandonar
a me render ao teu ser e estar

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Engano
desgosto
afrouxo
do corpo
sem cor

doloso
desfez-se
quando ser
enquanto ainda ente
quando na mente
nada há a fazer

Afinal assim
Finalmente fechado
Arrematou –se
Fingiu conducente
Acirrou the end

Ou algo parecido com fim.
Deixou-se vencer pelo jogo onde foi peça principal
acomodou-se fingindo não ver
perdeu a chance se ser feliz


Xeque-mate!

(do que está na cara, mas só quem tá aqui fora pode ver)