tô amarga
sem amor
tô sem graça
até rancor
tô feinha
sem cabelo
sem minhas unhas
desespero
tô cansada
enjoada
saco cheio
me transborda
quero praia
quero sol, paz
uma birita
e me ver sumindo pra lá do mundo
sinto alegria
nostalgia
um tanto de tristeza
e calmaria
não quero nem você
não quero mais ninguém
tô transbordada de tanta gente
gente chata e bacana idem
quero meu corpo só pra mim
meu beijo pra ninguém
quero entrar dentro do meu peito
entender porque esse desalento
e mazela cotidiana
tô sentindo cheio da loucura
da poesia e de qualquer ternura
esperando que alguém pare de me cobrar atrás da porta
tô suando feito porca
tô mesmo é com náusea
vertigem, artrite e sinusite
lotada de tanta informação
tá engasgada minha garganta
de tanta ansiedade estranha
meu âmago só entranhas
e nada mais que isso
tô sem cor
sem flor
sem alento
e de tudo tanto
tô até sem dor
não quero nada no meu coração
tô cansada de imaginar ser puta em vão
tô mesmo com raiva
cansada de ser santa, humilde e anta
e tipo a Bridget Jones
tô farta de tanto amor
e de quanto ele falta nas horas certas
tô injuriada de grosseria
gente falsa todo dia
e de pensar num mundo melhor
tô me batendo por não ser mulher
e me maltratando por ser criança
talvez eu queira ser outra
talvez queira ser homem
to sem ar
de tanto pensar em como é que se faz
pra sair daqui
e não voltar nem se o mundo parar
tô sem ânimo
sem alegria
por mais que tenha festa todo dia
eu não me contento e quero mais
to insatisfeita mesmo meu rapaz
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