quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Por: Pedro Chagas Freitas

"Hoje apetece-me abraçar. Abraçar. Sem olhar a quem, ao Zé-ninguém e ao coitado que se julga alguém. Abraçar. Com força, com ternura. E até com suor ou lágrimas. Abraçar. Como se os abraços acabassem já amanhã. Ou hoje. Ou daqui a pouco. Abraçar. Fazer do abraço o novo “olá”, fazer do abraço o novo “passou bem”. E passar realmente bem. Abraçar. Um abraço que não passasse. E que me deixasse passado. Há dias em que me apetece abraçar. E tardes em que me apetece abraçar. E noites em que me apetece abraçar. Passar um dia inteiro a abraçar. Sair de casa e abraçar. O velho que se senta, acabado, no jardim. O jovem que corre, aluado, no recreio. A adolescente que namora, excitada, na esquina. E os adultos que andam, sem saber para onde, na vida de uma rotina. Abraçar. Um dia inteiro a abraçar. Eis um dia bem passado."


Nenhum comentário:

Postar um comentário