segunda-feira, 22 de abril de 2013

Amar - Florbela Espanca


"Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar!  Amar!  E não amar ninguém!

Recordar?  Esquecer?  Indiferente!...
Prender ou desprender?  É mal?  É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar".

Sem mentira



“Hoje pela manhã vi lua e o sol no céu mentirosamente limpo
Há muito tempo não via aquela bola branca no meio do céu azul
Vi minha paciência ir embora
E meu coração apertar na angústia de uma segunda-feira sem vontade

Vi tudo parado em meio ao caos
Senti meus suspiros desgovernados
E minha pressão baixar

Vi gente bonita
gente feia
só não vi minha fé ao ver um senhor passando mal
e sendo retirado do coletivo

Então me perguntei: se acredito mesmo em Deus, por onde anda a minha fé?
Eu quis pedir á Deus por aquela vida
E não pedi porque não sabia se olhava pra cima
pra baixo
ou pra dentro de mim
então ali fiquei sem saber pra onde meus lábios deviam pedir

Todos desceram
a responsa agora era do motorista e do cobrador
o transito cessou
as caras feias aumentaram
e logo percebi que a fé não faltava só em mim
a gentileza era secundária
e a pressa ali era uma questão de sobrevivência por um salário de merda

Se perco a fé nas pessoas
Também perco a fé em Deus
Porque eu já ouvi dizer por ai que somos a sua imagem
Mas para mim não tem nada disso e nem semelhança

Eu criei um Deus dentro de mim
mas não sei pra onde pedir
Ele não tem preconceito
Porque seu amor de Pai é maior
O Deus que eu criei tenho certeza que mesmo sem que tenha pedido
guarda a vida e saude do velhinho careca

E eu?
Continuo acreditando em Deus
e sem nenhuma mentira
Felizmente ou infelizmente
Ainda tenho fé nas pessoas”.

01.04.2013

quarta-feira, 27 de março de 2013

Anjin Lindin

"Eu e Ele
Pouco nos conhecemos
mas nosso mundo
parece até a vida passada que não acreditamos
Anjin Lindin
Entre verso, música e prosas em comum
Entre Belas Abelhas
Na amizade e respeito infinito
Sentimos o céu nos tocar 
como prova do maior carinho da existência humana natural".

Guerra

"Ele toca oque quer 
e nem adianta pedir
Mas seu querer verdadeiro está está guardado
Ele é soldado Guerra
mas sempre levanta a bandeira da paz
Ele faz bicos ansiosos 
e na voz rouca sempre charmosa
expressa todo o seu ser malandro
vende-se
e olha nos olhos
há o carinho na trança do maloqueiro muito bem colocado
Boné de aba pra cima
Ele segue
Sobe
Domina o palco
cheio de marra
cheio de sorriso".

segunda-feira, 25 de março de 2013

Menino Cabelo

“Menino moreno
Barba e Cabelo por fazer

Eu os adoro...

Eu o adoro
Por sua energia de bem
Sua alegria infinita
Seu sorriso nos olhos
E seu olhar a minha alma através da janela

Além da ponte
Suspiros não esperados
São arrancados naturalmente
Sem que você saiba


Novo por fora
Homem demais por dentro
Ah! Menino,
O que eu posso fazer com essa vida?
Com a sua vida de menino
E com essa nossa vida que tem estado tão ligada a ponto de sentir saudade em instantes
Me angustia pensar que não há mais outra vida pra você
E que terei que viver na Terra sem poder te encontrar outra vez

Nessa hora eu prefiro ser ateu
E não acreditar nem em passado
Nem futuro
Nem em céu
Nem inferno

Prefiro deixar dentro de mim
Que o presente é longo
Você existe
E estamos por perto
E que não importa o que há de vir lá na frente

Tua paz interior me contagia
Sua maturidade me impressiona
E me faz esquecer as diferenças
Malditas diferenças que nos colocam entre dúvidas de vida!
De viver

Podemos enxergar o brilho bem lá no fundo de nossos olhos
E o sorriso completa a arte
Você se fez inspiração como luz
De minhas palavras se fez parte!”

Pós-chuva, espere!

"Espera a chuva parar
Espere a água descer
Espero pra poder ir embora
Espera o trem

Espero outro e mais um
Espere pra ver o próximo
Espero me empurrar
E só esperar pra entrar

Espero apertada
A espera da estação
Espero poder sair

Espero agora de novo
Espero o ônibus vir

Espero pra poder chegar
Espero pra ver se tem lugar pra sentar
Pra poder descansar
Enquanto espera pra chegar".

Invocado



“É ele que me deixa invocada, ou sou eu que deixo ele com aquele jeito tão sério?
Homem
Menino, moleque
Artista
Entre seus besouros, águas vivas, cogumelo e cactos
Entre paredes e tintas
Sol e chuva
É possível descobrir em cada traço seu, um mundo de expressões que a tão séria cara esconde
Através das palavras ele gesticula e coloca para fora seu protesto e pretexto interior em forma de rimas
Improvisadas ou não
Ou feitas ali na hora, momentos antes de outro momento novo
Alto
Grande e lindo
Sonho de todos os olhares
Mas não engane-se com ele
Porque ele é invocado
E ás vezes dá até medo
Tão invocado por fora
Mas de essência risonha, calma e em paz
Conta histórias de vida, dia-a-dias e causos
Tudo sorrindo
Calado
Bonito
Misterioso
Risonho
Possui mãos também invocadas
Que ousam e desousam
Apertar
Rimar
Criar e pintar
O tempo todo...”