"Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio E a minha ambição era trazer o universo ao colo Como uma criança a quem a ama beija. Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras, Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo Do que as que vi ou verei. Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações. A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos. Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca..." (Álvaro de Campos)
domingo, 29 de março de 2015
Um tanto de força, ás vezes um tanto de nada
Sou preguiça, distimia e euforia
Sou vontade e desistência
Daquelas que sai pelos fundos
Pela direita
Sou solidão quando alguém vai embora
E uma abraço rabugento quando isso acontece
Sou timidez quando o rosto enrubesce de pudor
E um tanto de moral pra não faltar equilíbrio
Sou julgamento quando tô errada
E luta se for pra ir pro combate
Sou a tristeza em dias cinzentos
E um sorriso largo quando de azul o céu me favorita
Sou esperança ao dobrar da esquina
Brincadeiras em afeto de menina
Sou eu adulta querendo não crescer
Tento a paz quando tudo vai de esmorecer
Sou essa chuva pingando gelada lá fora
E carinho pra ser confortada
Sou aquela chegada
Parceria e inimiga se assim me fizer
Sou o calo no pé, me perdoe se achar que der
sou adeus na hora da partida
sou o bater da porta enfurecida
e não me comovo quando é preciso valentia
Sou o voltar atrás quase o tempo todo
de ser arrependida não me envergonho
Sou verdade e excesso de sinceridade
E uma piada sem sal, sem gosto e de graça
Sou amor infinito
Lágrimas nos olhos do menino
Sou pedra, pudim, pão e azeda feito limão
E sou o cara com fome e frio
Deitado ali no chão
Sou preta, parda, branca, mulata
Sou chinesa, mulher presa e também molestada
Sou do nordeste,
Eita peste! Sou demais é da folgada...
Tô pronta aqui se de desejo você vem
Mas saio fora se for só de desdém
Pressão baixa
Sonhos dentro, fora ou ao lado da caixa
Me encaixo onde couber
Se assim não puder
Sai de mansinho caso você não me achar
Sou politica
Corrupta
Interesseira se for pra fazer bagunça
Sou os riscos nos antigos muros
E a folha do graffiti
Fui animal
Usada de forma descomunal
Fui fugitiva, coluna e depositária acusativa
Fui mulher na passarela
Quando ninguém mais pensava
Eita! Aquela era....
Quase uma aquarela
Fui sanfona
Entre as idas e vindas das minhas gorduras
em todo o corpo, seios e cintura
sou psicologicamente incorreta
mentalmente imponderável
ser só pé no chão não me agrada
eu prefiro tudo ao contrário
Sou Capão
Meus irmãos no camburão
Os que se foram inocentes no rabecão
Cidadãos
Sou praça da Abadia
Minas Gerais e companhia
Minhas aventuras
Sou minhas amigas
Sou quem passou por mim
Sou quem ficou por aqui
Sou quem eu passei por dentro
E sou quem deixei lá fora
Sou o passado tentando se curar na sessão de terapia
Sou toda minha má poesia
sou o sono me arrastando todo dia
e café preto pra enfrentar toda rotina
sou chá gelado por fazer
aquele que acende pra espairecer
sou o pf pra encher
e um tanto de lamento por ter que escolher
sou o não controle do sofrer
meu filho que ainda vai vir pra nascer
azul marinho antes de amanhecer
e calor de noite nos pesadelos
sou ladeira, morro, quebrada
não desanimo com qualquer emboscada
e me apaixono toda vez
pelo laranja atrás dos barracos
sou todos os instrumentos de batucadas
sou maracatu, coco e embolada
sou o nariz de palhaço
um tanto de estardalhaço
e um pé fora do compasso
minha beleza é efêmera
depende do dia
da alegria
sou o término
e ponto de partida
eu sou as inúmera folhas que poderiam seguir
que poderiam me fazer entender e ser
no meio disso tudo
me digo
me dito
e para sempre
com todo direito
piso passo
me reescrevendo
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