“Certo dia desci do trem e ao subir a escada presenciei uma cena
que me deixou um tanto questionada da vida.
Um jovem homem com a face praticamente toda deformada por algum
acidente com fogo, esbarrou em uma menina bonita de cabelos claros.
Ele olhou para ela e desculpou-se, ela também o olhou e com
um olhar estranho disse que não havia problemas.
Próximo a escada ele tocou no braço da garota chamando –a ,
ela novamente olhou para ele, e ao olhar percebe uma pequena flor de papel que
ele oferecia para ela. Ela pega a pequena flor, agradece, e enfia no bolso sem
graça.
Ele com ar alegre continua andando e sobe a escada que
levava para a saída da estação.
A ação da menina foi tão sem ação e a do homem tão linda que
me pus a perguntar porque aquilo não tinha sido comigo, pois eu retribuiria
aquele gesto com um muito obrigada sorridente.
E porque logo eu que precisava ter visto aquela cena em meio
a tantas pessoas?
No mesmo instante o aprendizado fez o favor de me responder:
- Foi com a menina dos cabelos claros para que ela pudesse
aprender algo com aquele momento. E você assistiu para que pudesse também
aprender algo naquele instante, e sentir a delicia de perceber a vida e o bem em
sua forma mais linda e simples acontecendo por ai...!”
Priscila Mastroroso – 19.06.2012